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domingo, 11 de outubro de 2015

Inadimplência chega a 38,9% da população adulta do país

inadimplencia
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A crise continua apertando o bolso do brasileiro e deixa difícil honrar as contas. Dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que, até setembro, 38,9% da população adulta do país (na faixa entre 18 e 94 anos) estavam com o nome registrado no cadastro de devedores, o equivalente a 57 milhões de pessoas. Só nos nove primeiros meses do ano, houve um aumento líquido de 2,4 milhões de CPFs negativados em todo o território nacional.
Somente no mês de setembro, o número de consumidores com contas atrasadas aumentou 5,45% em relação ao mesmo período de 2014. Em agosto, a variação anual já havia sido significativa, de 4,86%.
Em nota, a CNDL aponta “a perda de dinamismo da economia” e a “deterioração das condições do mercado de trabalho” como fatores que determinaram o aumento da inadimplência. Diante desses fatores, os indicadores de inadimplência “retomaram a trajetória de aceleração a partir do início desse ano”.
A quantidade de dívidas individualmente não pagas também subiu 6,63% no mês passado na comparação anual. Quando considerado o mês imediatamente anterior, contudo, o número de débitos não quitados caiu 0,91%.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que esse pequeno recuo em relação ao mês anterior é sazonal e não torna o quadro menos preocupante.
— A princípio parece uma boa coisa, mas essa queda é sazonal e é um recuo pequeno. Percebemos aumento novamente em outubro e novembro e depois uma queda de novo em dezembro. (A queda se justifica porque) Nessa época começam os pagamentos da primeira parcela do abono de natal dos pensionistas do INSS. As próprias empresas, sabendo que existe uma entrada de dinheiro na economia, procuram seus devedores.
A maior parte das dívidas continua sendo com os bancos, quase metade (48,17%) de tudo que é devido tem como cobrador instituições financeiras. Esses débitos aumentaram 10,32% em setembro. Mas foram as contas de água e luz que lideraram o crescimento. Apesar de representarem apenas 7% do total de dívidas, esse tipo de débito aumentou 12,55% em setembro, na comparação anual.
— O atraso nas contas de água e luz é preocupante porque significa que o consumidor não está dando conta de pagar a maior parte das suas dívidas, mas não é preocupante do ponto de vista de espalhar um risco de crédito.
CRESCIMENTO NO NORDESTE E SUL
Na divisão por região, o Sudeste lidera a participação no número de inadimplentes, mas foi no Nordeste e no Sul que a quantidade de devedores cresceu mais: 7,85% e 6,84%, respectivamente. No Centro-Oeste, Norte e Sudeste as variações também fora positivas: 6,28%, 4,03% e 3,18%, respectivamente.
Diante do cenário, a especialista do SPC acredita que o país chegará a dezembro com um crescimento na quantidade de inadimplentes de 6%. O número é atípico, uma vez que no fim do ano é comum que as pessoas quitem parte de seus débitos.
QUEDAS NAS VENDAS
Além dos dados de inadimplência, preocupa o comércio a queda nas vendas, que estão em trajetória de recuo há oito meses consecutivos. Em setembro, as vendas a prazo caíram 6,87% ante o mesmo mês de 2014.
Na avaliação do SPC da CNDL, o “brasileiro está reticente quando o assunto é consumo”.
— O segundo semestre do ano passado foi ruim, mas esse segundo semestre começou muito pior do que o de 2014 – disse Marcela.
Por isso mesmo, o dia das crianças – considerado pelo setor uma prévia do Natal – será fraco. Uma pesquisa da CNDL mostra que os consumidores prometem gastar em média R$ 160 (por família) nesse dia das crianças. A quantia é 43% menor do que a informada no mesmo levantamento em 2014.
O dado, diz Marcela, se soma ao resultado de todas as datas comemorativas desse ano. Na Páscoa, o recuo nas vendas foi de 4,93%, no dia das mães, de 0,59%. Dia dos namorados e dos pais tiveram quedas de 7,82% e 11,21%, respectivamente.
Diante de tantos números e perspectivas ruins, as expectativas para este fim de ano e para o início de 2016 já foram contaminadas.
— O varejo começa o ano que vem numa toada muito aquém do que começou no ano passado. O crescimento dessa atividade vai ser menor, tem menos impulso nessa economia. Não deve ter uma entrada de 2016 boa. A luz no fim do túnel está no meio pro fim do ano que vem.
Com informações do O Globo