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sexta-feira, 3 de julho de 2015

Pipas com cerol geram acidentes nos últimos dias no Ceará; mulher morre e PM fica ferido


Pelo menos dois acidentes com motociclistas, envolvendo pipas revestidas com cerol, foram registrados nos últimos dias, no Ceará. Uma mulher morreu no município de São Gonçalo do Amarante, após corte profundo no pescoço provocado pela linha da arraia, na quarta-feira, 1º. Um soldado da Polícia Militar (PM) também ficou ferido por causa do brinquedo, nesta quinta-feira, 2.

O policial Tiago Souza Costa, lotado na 1ª Companhia do 9º Batalhão de Policiamento Comunitário (BPCom), foi atingido por uma linha de arraia revestida com cerol, no trecho da avenida Perimetral localizado no bairro Conjunto Ceará, próximo à rua Júlio Braga. Segundo o coronel Andrade Mendonça, relações públicas da PM, o objeto cortante atingiu a face do soldado, nas proximidades da boca.

"Ele estava com a viseira do capacete aberta e vinha em uma velocidade baixa. A sorte dele foi essa. Ele sentiu, parou a moto e percebeu o corte. O soldado usou a camisa para estancar o ferimento", contou o coronel. O policial foi socorrido por amigos ao Frotinha da Parangaba, onde levou cinco pontos na altura da boca.

Gecilda Martins de Morais, 41 anos, foi surpreendida por uma linha de pipa revestida com cerol, enquanto conduzia uma motocicleta na CE-421, na altura do km 3, em São Gonçalo do Amarante, Região Metropolitana de Fortaleza. Ela morreu no local sem ter tido atendimento médico, segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE). 

O caso registrado no interior do Ceará foi encaminhado à Delegacia Municipal de São Gonçalo do Amarante. Os responsáveis podem responder por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) e por "expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente" (art.132 do Código Penal). Somadas, as penas podem chegar a quatro anos — de três meses a um ano é a pena prevista no art. 132 e de um a três anos no caso de homicídio culposo.

'Conduta danosa à sociedade'
O coronel Ricardo Rodrigues, relações públicas do Corpo de Bombeiros, recriminou veemente a prática de soltar pipas revestidas com cerol. Para o militar, a brincadeira pode causar danos tanto a motoristas, quanto a transeuntes, e classificou a atividade como "danosa à sociedade".

"Quem faz o uso da pipa com cerol está assumindo o risco de causar dilacerações e até óbitos a inocentes, que não têm como adivinhar que alguém está com este tipo de artefato", comentou o coronel. Segundo Ricardo Rodrigues, a prática com arraias sem cerol já requer cuidados para evitar que sejam soltas próximas a grandes fiações.

"Deve ser feito uma campanha aos pais de crianças e de adolescentes. Os adultos não podem proporcionar o acesso a este tipo de produto. As campanhas podem coibir este tipo de conduta que é totalmente indevida e danosa à sociedade", disse o militar.

O coronel alerta sobre as pipas cortadas, que são alvo de disputas entre os brincantes. O coronel pede aos praticantes que não subam em telhados e postes para pegar as arraias.


Fonte: Jornal O Povo