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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Ceará tem 15 açudes secos, o maior índice desde 2012

Dos 149 açudes monitorados no Ceará, 15 estão com volume abaixo de 1% da capacidade, sem condições de captação de água para o abastecimento humano. Com base nos registros do Portal Hidrológico do Ceará e dos boletins elaborados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o levantamento do O POVO mostra que este é o mês com maior número de reservatórios com volume morto desde o início da seca prolongada por três anos no Estado.
A estiagem enfrentada atualmente começou com as chuvas insuficientes de 2012, mas somente em 2013 o monitoramento registrou o primeiro reservatório com volume morto: o Carnaubal (Crateús) chegou a 0,9% no mês de abril daquele ano. Situação que foi chegando a outros reservatórios, como o Sucesso (Tamboril) - que ficou completamente seco em julho - e o Cupim (Independência), com 0,6% registrado em setembro. No ano passado, o mês de setembro tinha apenas quatro açudes secos.
Este ano é o terceiro consecutivo de chuvas abaixo da média. E a quadra chuvosa começou já com 13 açudes no volume morto (dados de 1º de fevereiro). Terminado o período de chuvas, este número caiu para nove açudes (dados de 1º de junho). Atualmente, os 15 reservatórios abaixo de 1% não oferecem condições de abastecer os municípios. Estão secos ou têm apenas lama no fundo, conforme explicou o assessor técnico da presidência da Cogerh, Marcos Paulo Pinheiro, em entrevista concedida ao O POVO no dia 3 de setembro.
Na avaliação de Ricardo Adeodato, diretor de operações da Cogerh, o cenário atual é uma consequência natural dos três anos de seca. “É um número que evidencia a sequência de chuvas insuficientes. Os açudes atingidos não são considerados estratégicos para o Ceará”, minimiza. Ele ressalta que a Região Metropolitana, concentrando mais de 3 milhões de habitantes e 90% da atividade industrial, segue com quadro de segurança hídrica. No Interior, as bacias mais atingidas pela falta de água nos açudes são também as que mais concentram reservatórios secos: cinco deles estão na bacia do Curu, três na bacia dos Sertões de Crateús.
A situação é nova para o Estado e difícil na gestão de água, afirma Adeodato. Para traçar cenários e alternativas, o órgão avalia as fontes hídricas para cada município. “Todo reservatório é importante, mas existem outras alternativas para a região. Não analisamos mais por reservatório ou bacia hidrográfica. São 184 municípios, então buscamos quais as alternativas para o abastecimento humano”, explicou. Dentre as soluções, operações com carros-pipa, perfuração de poços e transposições de água são levadas em conta.
Fonte: Jornal O Povo